O Instituto Nacional de Estatística publicou uma projeção da população residente até ao ano 2080.
O período considerado foram os anos entre 2018 e 2080.
O número de jovens diminuirá de 1,4 para cerca de 1,0 milhão e o número de pessoas idosas passará de 2,2 para 3,0 milhões.
O índice de envelhecimento quase duplicará, passando de 159 para 300 idosos por cada 100 jovens.
Este índice apenas tenderá a estabilizar próximo do ano 2050.
Os subgrupos dos 75 ou mais anos e dos 85 ou mais anos crescerão mais do que o grupo dos 65 ou mais anos, o que se traduz num envelhecimento da própria população idosa.
As pessoas com 85 ou mais anos podem representar entre 12,7% e 15,8% da população em 2060.
O século XX foi marcado pelo crescimento da população.
A preocupação com um número excessivo de habitantes não é um fenómeno novo.
O que o século XX trouxe de novo foi a divisão do mundo em dois blocos. Uma parte corresponde aos países subdesenvolvidos e concentra 80% da população. Outra parte corresponde aos países desenvolvidos e concentra 20% da população.
Estes blocos são diferentes, mas, fundamentalmente, têm caraterísticas opostas. No conjunto dos países subdesenvolvidos verifica-se um crescimento médio anual da população de quase 2% com elevadas percentagens de jovens (rejuvenescimento na base) e baixas percentagens de idosos. Nos países desenvolvidos o crescimento da população é praticamente zero, a percentagem de jovens é baixa e a percentagem de idosos é elevada (envelhecimento no topo).
Numa parte do mundo as crianças a mais são um problema porque o rendimento per capita é muito baixo. Na outra parte, em que o rendimento é superior e teoricamente existiam melhores condições para uma reposição mais equilibrada das gerações, o problema são as crianças a menos e o envelhecimento da população.
Nos países desenvolvidos o século XXI será marcado pelo envelhecimento.
O envelhecimento da população está prestes tornar-se uma das transformações sociais mais significativas do século XXI com implicações para quase todos os setores da sociedade.
Nações Unidas (2022)
Isto não quer dizer que existem idosos a mais. O aumento da duração média de vida levou a um aumento do número de idosos. Porém, o principal fator do envelhecimento da população é a diminuição da natalidade. Assim, verdadeiramente, o que existe são jovens a menos.
Além de serem em maior número, os idosos são cada vez mais pessoas ativas na sociedade em consequência da melhoria da saúde geral e da qualidade de vida da população. A velhice deixou de estar associada a uma fase de decadência ou doença, tendo surgido conceitos como o envelhecimento ativo. As pessoas idosas têm uma intervenção cívica cada vez mais acentuada e passaram a ser consideradas um grupo com relevância social. As políticas públicas para a terceira idade alteraram-se passando de uma perspetiva assistencial e meramente residual para verdadeiras políticas de inserção e consideração dos idosos e tendo sido criados programas públicos orientados para a terceira idade.
Começa a falar-se de uma nova alteração demográfica que consiste no surgimento dos velhos válidos.
Quando se tornou significativa a pressão demográfica exercida pela nova explosão demográfica: a dos velhos válidos, é que verdadeiramente se começou a acordar para a dimensão multidisciplinar do problema. Os idosos válidos passaram a ser demasiado numerosos para serem escondidos ou entretidos em lares, centros de dia ou passeios de barco.
Nazareth (2020)
A projeção que foi apresentada pelo Instituto Nacional de Estatística confirma estes problemas.
São necessárias políticas para o envelhecimento da população, mas também são imprescindíveis medidas no sentido da integração e participação dos idosos baseadas na autonomia e capacitação.
Referências