Quando ouvimos falar de casa segura a ideia que formamos é termos muros, grades e portas.
Esquecemos que com o processo de envelhecimento há a necessidade de alterar alguns aspetos da nossa residência para evitar acidentes.
Apesar de a residência ser o nosso porto seguro, ela é também a maior fonte de acidentes pessoais.
As estatísticas do Serviço Nacional de Saúde demonstram que no ano de 2020 o número de portugueses que sofreram acidentes domésticos foi de 188.164,00.
São as crianças até aos 14 anos e as pessoas com mais de 65 anos que sofrem a maior parte destes acidentes por serem as faixas etárias mais vulneráveis.
As quedas são os acidentes mais comuns, representando uma percentagem de quase 70,00%.
Nas pessoas com mais de 65 anos esta percentagem é de 88,00%.
Nas pessoas idosas as quedas são a principal causa de morte acidental, de acordo com a Sociedade de Medicina Interna.
Na lista também estão outras situações de acidente como as que resultam de ter sido atingido por algum objeto, cortes, esforço exagerado ou queimaduras.
Os números mostram que o local mais provável para ocorrer um acidente é em casa.
É na residência que acontecem quase metade dos acidentes domésticos em Portugal.
A outra metade divide-se por oito espaços que vão desde o ar livre até à escola ou a áreas desportivas.
As quedas podem acontecer em momentos perfeitamente normais do dia a dia como subir ou descer escadas, escorregar num chão acabado de lavar ou até mesmo tropeçar num tapete.
A falta de percepção do perigo é a principal causa da queda em adultos.
Em idades mais avançadas este tipo de acidente implica especial atenção, sendo comum a afirmação de que uma simples queda por mudar a vida de um idoso.
As quedas nos idosos resultam muitas vezes de riscos associados.
Estes riscos podem ser divididos em fatores intrínsecos que refletem o estado de saúde do idoso e fatores extrínsecos que estão relacionados com a vida e o ambiente em que o idoso interage.
Nos fatores intrínsecos estão incluídas as dificuldades próprias do envelhecimento como os problemas de equilíbrio, visão e audição, as questões de mobilidade, a menor força muscular e os reflexos menos rápidos.
Nestes fatores é muito relevante o uso de certos fármacos como os psicofármacos, antihipertensores e os polifármacos que contribuem de forma significativa para o risco de ocorrência de uma queda.
A análise dos fatores extrínsecos permite identificar os perigos mais comuns e sensibilizar para a adaptação dos ambientes quotidianos por forma a diminuir o risco de quedas e promover uma melhor qualidade de vida.
O essencial é a prevenção que irá permitir evitar acidentes e viver o envelhecimento em segurança.
A prevenção permite viver com as limitações próprias do envelhecimento, mas também com a autonomia proporcionada pelo melhor conhecimento dessas limitações e por ações simples que podem evitar problemas graves.
Em toda a casa:
No quarto:
Na casa de banho:
Cuidados adicionais:
Estes cuidados devem ser maiores durante a noite.
No período noturno as alterações cognitivas e motoras são mais intensas e as capacidades podem estar mais prejudicadas pelo efeito de medicação para dormir.
Os tempos de reação estão alterados, os desequilíbrios aumentam e a probabilidade de ocorrer uma queda é substancialmente mais elevada.
Referências
Fátima Rosane Rodrigues e Sousa Lamarca
Enfermeira
Mestre em Enfermagem na Área do Cuidar pela Faculdade de Enfermagem da Universidade do Rio de Janeiro